Claro que não poderia ser um dia normal e não encontraria as pessoas com que precisaria falar. Mas tudo bem, quem sabe, talvez tenham ido ao médico ou simplesmente esquecido de acordar. Assim que um deles está presente, até que consigo ficar um pouco feliz, penso que poderei, talvez, resolver um dos problemas que parecem não ter solução pois não tem lógica alguma. Converso daqui, medito dali, banco um pouco o House imaginando todas as possibilidades de sanar o problema mas não chego a conclusão alguma. Ainda estou bem.
Eis que surge outro ser que também precisava conversar mas acabei nem conversando. Engraçado que ainda não descobri qual seu horário, apesar de ser um dos sócios da empresa e teoricamente conhecer a rotina de todos. Claro, existem aqueles "poréns" onde as pessoas devem considerar quando esses tipos de seres permanecem além de seu horário resolvendo algumas coisas, mas será que se colocarmos na balança... É, deixemos isso de lado, nem mesmo faço parte de tudo aquilo, sou simplesmente mais um ser dentro de um escritório que mais parece o inferno mesmo com o ar-condicionado que acabou de ser consertado.
Até essa hora, ainda não haviam motivos que me tirariam do prumo onde me encontrava. Talvez tenha pensado cedo demais, aliás, acho que nem devia ter pensado, afinal de contas, não recebo "pró-labore" para pensar, tal qual outras pessoas envolvidas no mesmo ambiente, apenas recebo-o para concluir minhas "tarefas". De tanto pensar, coisa que realmente não devia fazer, recebo um e-mail. Paro, analiso, abro bem meus dois olhos hiper mega fechados e concluo que não existe o padrão exigido no assunto. Bom, deixemos isso passar, mesmo que minha vontade seja de pressionar "shift + del", vejamos do que se trata.
De: idiota@empresa.com.brAlgo diferente ou estranho nesse singelo e-mail? Perceberam algo que não percebi? Porque, sinceramente, não consegui entender o que eu precisava responder. Ainda consegui ler uma três vezes para tentar encontrar o que era necessário responder, afinal de contas, como não sei tudo e também erro, poderia ter não notado a parte que realmente era importante neste. Concluí, depois de quase três minutos analisando friamente este documento de grande importância, que talvez, somente talvez, não houvesse o que responder. Ainda para acalentar mais minha dúvida em relação ao que responder, indaguei a pessoa que me enviou o e-mail e essa me conta qual a questão a ser respondida.
Para: yama@empresa.com.br; outro@empresa.com.br
Assunto: Re: XPTO
Poderia me ajudar a responder isso?
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De: amigo@empresa.com.br
Para: idiota@empresa.com.br; outro@empresa.com.br
Assunto: XPTO
Os senhores poderiam responder meus e-mails anteriores referente ao assunto?
Bom, parei por uns três segundos e rebati: "Quer dizer que você me enviou um e-mail fora do padrão, sem o nome da empresa no assunto e ainda por cima é um e-mail onde preciso perguntar para conseguir responder?", ainda conseguiu me responder que não, que o assunto estava no e-mail. E mais uma vez, abro o e-mail e pergunto: "Onde"? É, "achei" que estivesse no e-mail, pensei logo em seguida: "Como assim, achei?", não comentei em voz alta, cansei de tentar ensinar o povo "chucro" que trabalhamos na área de exatas. Aliás, hoje em dia, tenho muitas dúvidas em relação a área que realmente trabalho, porque no início, achei que as pessoas ali precisavam saber sobre informática. Para quem não sabe, sou sócio em uma empresa desenvolvedora de software e o cara em questão é um técnico que dá consultoria, entre outras coisas, do nosso sistema.
Aí comecei a explicar, de uma forma grosseira e estúpida mesmo, que se eu tivesse que responder aquele e-mail, provavelmente estaria no campo para ou no cópia. Que se enviaram o e-mail cobrando duas pessoas, diferentes da minha, provavelmente é porque a resposta dependia somente delas. A melhor parte foi quando comentei que o negócio já fora enviado para testes e o idiota fez uma cara de interrogação. Fiquei exultante com sua reação, como é possível não saber em que pé está um projeto? Isso porque, quando re-contrataram o cara, me disseram que ele faria o meio-campo entre o suporte e o desenvolvimento, então imaginei que seria de sua responsabilidade saber em que pé estava o projeto.
Ah, talvez tenha me enganado, o e-mail que enviaram com cópia para ele, o outro, o amigo, deus, papai noel e até mesmo pra mim, não deve ter sido enviado para ele. Ops, coloquei ele duas vezes na mesma frase, será que mesmo assim o idiota não recebeu o e-mail? Acho que a situação foi bem pior, recebeu o e-mail, não leu direito, não compreendeu de que projeto se tratava e simplesmente ignorou. Porque, é fato, quem precisava saber que o projeto estava em fase de testes? Provavelmente, apenas eu.
E quando tenho um "surto" falo até o negócio ficar pregado na mente igual a tábua dos mandamentos, aliás, era uma tábua ou uma pedra? Nisso o idiota ainda consegue ficar nervoso, aí começo a ficar mais puto ainda, por que raios o cara tem o "direito" de ficar nervoso? Questiono, um tanto quanto puto da vida, sobre o motivo dele ficar nervoso, porque se ele soubesse de toda a merda, não precisaríamos chegar naquilo. O corte foi dado com a frase "Já entendi...", reclamo que mesmo falando "trocentas" vezes, não adianta, e a conversa acabou praticamente nisso, com um comentário do tipo: "Então pra que repetir várias vezes se não mudará"?
O céu ficou escuro, a vista embaçou, a tremedeira iniciou-se na mão esquerda, o auto-controle praticamente não existia mais naquele momento. Pensei em surtar como fazia antigamente, me controlei, por incrível que pareça, consegui me segurar. É, tenho que aceitar que mesmo ensinando e martelando diversas vezes o mesmo prego, o furo nunca será feito. Como conseguem se conformar com esse tipo de coisa? Fico me martirizando com erros que cometi no passado para tentar evitá-los no futuro e ouço um simples "não adianta repetir porque nada mudará". Como uma pessoa assim dorme de noite? Ah, o cara não está errado, eu que sou maluco mesmo de ficar martelando as cagadas que faço na cabeça.
Ainda ocorreram diversos outros casos, que me emputeciam a cada segundo mas acho melhor nem comentar, afinal de contas, cagada de estagiário é a coisa mais normal do mundo e o conformismo de meus outros companheiros deve ser seguido para manter a calma. Agora, alguém pode me dizer se isso é ou não conformismo?
E antes que as pequenas mentes com falta de brilho consigam chegar a conclusão de que fui um ser racista, leiam sobre a história dos "Três sábios macacos", acredito que talvez consigam entender o real teor da ilustração no início do post.
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