Éramos 5 quando iniciamos, o curso seria de 1 ano e os 5 começaram felizes e contentes. Íamos na missa aos domingos, fazíamos todo o papel corretamente. Com os passar dos meses, na realidade acho que foram apenas 1 ou 2, fui o único sobrevivente e prossegui até completar 1 ano de catecismo. A senhora que dava as aulas, um belo dia, resolveu nos informar que a partir daquele ano o curso seria de 2 anos. Fiquei um tanto quanto insatisfeito, mas aceitei porque não havia o que fazer. A parte mais bacana é que não haviam motivos ou explicações plausíveis para tal fato.
Início do segundo ano, primeiro mês normal, frequentei todas as aulas, não tinha nenhuma falta no ano anterior e nenhuma nesse primeiro mês. Precisei faltar, não me lembro exatamente qual fora o motivo, mas me ausentei por uma semana, o que me dariam 3 faltas. Nas regras de conduta do curso de catecismo, não havia informe que nos obrigasse a não faltarmos, independente de motivos. Bom, na semana seguinte, assim que adentrei o interior da sala onde estudávamos e líamos nosso livro, a senhora que dava o catecismo, simplesmente me mandou ir para casa. Perguntei o motivo de tal reação. Ela simplesmente disse que por ter faltado durante 3 aulas consecutivas, eu não poderia mais prosseguir o curso. Ainda assim questionei se não poderia explicar o motivo de minha ausência e ela pediu para eu me retirar.
Fato interessante, não existem regras que façam com que você seja expulso, literalmente chutado das aulas que deveriam ser frequentadas por quem realmente gostaria de fazer primeira comunhão. Eu era o único que fazia catecismo realmente porque queria, tanto que fui o único que restou de todos os amigos que iniciaram. Achei super bacana a parte em que ela nem mesmo quis ouvir meus motivos, poderia não aceitá-los, mas ao menos me ouvir seria o mais sensato.
Eu acho que foi como comentaram meus amigos no trabalho enquanto relembrava dessa história, ela já devia saber que eu não era algo muito bom e que não seria uma presença muito boa para as outras crianças. Fui praticamente taxado de pequeno Damien. Acho que ela achava que eu era o mal, como muitos religiosos me chamaram no passado. Talvez ela realmente tivesse sentido que existia algo de diferente no meu pequeno ser, e não estou falando do meu pênis, sei lá qual foi o real motivo que levou-a a me enxotar daquela igreja maldita. Mas no final, frequentar o catecismo e a igreja fizeram um grande bem para minha pessoa, me fez descobrir que eu não acreditava de fato em papai do céu e que fui apenas influenciado pela grande massa impensante que não questiona nada quando o assunto é religião e o tal deus. Fiquei feliz por poder enxergar isso e não ter mais que ficar com "medo" de coisas que de fato nunca acreditei. É igual quando digo que torço para o São Paulo, não foi minha escolha, apenas sabia que era são paulino porque meus pais disseram isso um dia. Por isso hoje, quando me perguntam para que time torço, respondo que gosto de buceta. Para terminar essa história engraçada, os dois comentários mais engraçados que ouvi enquanto contava minha triste história.
"A santa chorava sangue..."
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