Eu acho que foi a minha maldita boca que me fez fazer cagada, na realidade, nem sei de quem foi a culpa de fato, quando olhei, já estava no chão, puto da vida e com uma puta dor na perna esquerda. Se eu bati, sim, bati minha moto na traseira de um Fox, eu acho que era um, pretinho, bonitinho e a motorista mais linda ainda, devia ter pego o telefone dela.
Ouvi alguns comentários hipócritas do outro lado da rua, mas não consegui distinguir o que diziam, foi algo muito rápido. Estava descendo uma rua que dá na traseira de um hospital, havia um doente estacionando um Uno verde e o povo andando muito vagarosamente e eu acompanhando. Quando passamos o Uno, ainda comentei: "Que lugar bom para fazer isso", continuei descendo e de repente o Fox preto parou do nada porque a S10 que estava na frente dele parou do nada. Freiei mas já notei que não conseguiria parar, estranho porque eu realmente não estava acelerando, não estava rápido para aquela rua porque já sei que é difícil a moto parar ali se você resolver andar a 60km/h e como havia trânsito estava lento para aquela rua, mais lento que o normal, mas senti que o pneu dianteiro deslizava em direção ao Fox.
Achei aquela sensação estranha, porque meu pneu não está careca, pelo menos, a noção que tenho de pneu careca me diz que não está. Eu sou realmente chato para esse tipo de coisa, não gosto de deixar nada quebrado, nada com problemas, então imaginem se deixaria meu pneu careca, e podem acreditar que não tenho os mesmos conceitos de motoqueiros, se eu ver que perdeu pouca coisa dos vincos dele, provavelmente vou querer trocá-los, segurança em primeiro lugar, principalmente quando falamos de pneu dianteiro.
Antes de colidir, ainda pensei em tentar desviar pela esquerda, mas fiquei com medo de pega a calçada e acertar algum pedestre, não consegui reparar se havia algum por lá, mas na dúvida, achei melhor colidir. Quando era praticamente inevitável a colisão, me atentei unicamente a pegar o menor pedaço possível daquele lindo para-choque preto reluzente, para que os estragos do Fox e de minha moto fossem os mínimos. Por sorte a colisão não me arremessou para cima e nem para frente, nem bati meus testículos dessa vez, apenas senti um força bruta me empurrando para frente, me fazendo voltar para trás e novamente para frente, nessa hora a moto começou a deitar, tentei segurá-la, mas foi totalmente em vão, meu corpo estava praticamente sendo arremessado para fora da moto, para não me jogar no carro, ainda consegui dar alguns passos para esquerda, em direção da calçada, com a força do impulso, seria inevitável o chão, lembrei de minhas aulas de judô e me joguei de ombro no chão e dei uma cambalhota, terminei parando com o pé apoiado em um muro.
Assim que voltei, fiquei sentado, muito puto da vida, sem entender nada do que havia ocorrido, apenas fiquei sentado respirando, meu ódio que já era pouco estava tomando conta de minha mente, mas me controlei para não surtar. Logo que caí vieram algumas enfermeiras ou atendentes do hospital e disseram para eu ficar imóvel, que não devia levantar, levantei e caminhei em direção à moto, elas perguntaram se estava bem, respondi que sim e elas seguiram seu caminho. Olhei para minha moto e fiquei triste, nunca havia quebrado nada muito sério, apenas me roubaram os retrovisores uma vez e em uma outra ocasião dei uma leve pancada em uma S10 que fez meu paralama dianteiro quebrar, mas dessa vez o manete da embreagem e meu pisca direito foram destruídos. Pequenos riscos na carenagem traseira, nada de grave, no geral, estava no lucro. Olhei desesperado para o Fox e percebi que também não haviam grandes estragos nele, apenas pequenas marcas no parachoque, que seriam facilmente removidas com massa de polir, mas havia um risco na lateral que precisaria de funilaria. A dona maravilhosa perguntou se estava tudo bem comigo, respondi que estava bem mas que estava preocupado com o carro dela, ela disse que não tinha problema. Ela explicou que o cara da S10 parou de repente e ela também quase bateu nele, fiquei com cara de bunda olhando para ela. Perguntou novamente se estava bem, se não queria que chamasse uma ambulância e disse que estava tudo bem, que ela poderia ir em paz.
Ela partiu, levantei a moto e quanto fazia isso, uma viatura da polícia parou logo em frente e o motorista perguntou se estava tudo bem, respondi que sim. Perguntou se tinha caído sozinho, respondi que havia batido em um carro mas estava tudo bem, ele perguntou novamente se precisava de ajuda mas respondi que estava tudo bem e ele partiu. Imagine alugar um policial a essas horas para fazer um boletim de ocorrência, acho que ele iria me matar! Detalhes pequenos da vida, as avarias corporais foram pequenas, apenas um ralado na canela esquerda, outro no joelho direito e uma dor desgraçada no pé direito, mas parece que não quebrei nada, senão estaria provavelmente gemendo de dor. Faz parte...
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