Quase próximo do final de semana, perguntei à florzinha como chegar a sua casa, ela me explicou de uma forma bem simples, tão simples que achei que não conseguiria chegar lá, principalmente porque sou completamente perdido. Seria praticamente uma aventura chegar até sua casa, nunca havia ido até Mogi das Cruzes sozinho, fiquei imaginando como seria ir mais longe ainda, em um lugar perdido chamado Sabaúna.
As poucas informações provavelmente fariam eu me perder e com toda certeza o desespero de estar em um lugar totalmente desconhecido me faria querer voltar. Mas a vontade de vê-la era bem maior que o medo de ficar perdido no meio do nada, de não conseguir chegar ao meu destino que seriam seus braços. Fui com a cara e a coragem em busca de minha pequena florzinha, peguei o ônibus na rodoviária para evitar o trem até Mogi e quando cheguei fiquei esperando durante 45 minutos o ônibus que me levaria até Sabaúna. Normalmente odeio ficar esperando ônibus, mas não havia outro meio para chegar lá, nem mesmo andando eu chegaria tão facilmente até lá.
Tentei encontrar os detalhes no meio do caminho que a florzinha e sua mãe haviam descrito, como não tinha nem ideia do tempo que levaria, então ficava cada vez mais complicado encontrar esses detalhes, porque mal saí de Mogi e já vi alguns portões que me lembravam algum colégio, se tivessem me avisado que eu passaria por uma estação de trem desativada, seria mais fácil encontrar o tal colégio. Desci do ônibus onde imaginei que deveria ser o ponto comentado por ela, caminhei poucos passos e cheguei em uma bifurcação, procurei placas com nome de rua mas não encontrei, naturalmente porque estava cego, porque assim que perguntei a uma mocinha que estava no orelhão, ela voltou até a bifurcação e me informou que aquela era a rua que eu estava procurando. Só consegui enxergar a casa naquele terrenos alto depois que havia atravessado a rua, nunca acertei de primeira a ida para qualquer lugar no mundo.
Subi as escadas e me deparei com uma casa amarela, a famosa casa amarela que havia visto em fotos, mal termino de subir e logo avisto a florzinha na janela da frente, parecia que ela estava me esperando ou que adivinhou o momento exato em que eu pisei em Sabaúna. Ela abriu um enorme sorriso, só isso já fez toda a viagem valer a pena, fui em direção a janela, me apoiei em algo só para alcançá-la e lhe dar um beijo. Trocamos umas 5 palavras e ela disse para entrar, dei a volta na casa e entrei pela cozinha, todos estavam tomando café da manhã, mal cheguei e uma energia tão boa me contagiou, aquela recepção maravilhosa, eu podia sentir a alegria de me encontrarem ali, parado com uma mochila nas mãos, abraços, beijos e apertos de mãos.
Mal me cumprimentaram, já me fizeram sentar para tomar café da manhã, coisa da qual não estou muito acostumado, me sentei para comer e ficamos conversando um pouco pela mesa. Questionaram se havia sido muito difícil encontrar a casa deles, eu disse que pela primeira vez na vida cheguei à algum lugar sem errar, logo a mãe da florzinha emendou dizendo que fora meu coração que havia me guiado. Talvez, realmente é muito provável, porque eu realmente nunca havia visitado Mogi das Cruzes, imaginem então um município um pouco mais a frente, um lugar que eu nem fazia ideia que existisse, mesmo assim cheguei.
Depois do café da manhã e da conversa na mesa, nos sentamos por pouco tempo para conversarmos no sofá, os pais da florzinha sentaram-se em um sofá e a florzinha e eu em outro. Já devia estar acostumado a este tipo coisa, mentira, não deveria porque só havia feito isso uma vez na vida, nos tempos de hoje, isso não é algo tão comum, na verdade, até mesmo quando eu era mais moleque já não fazíamos esse tipo de coisa, mas se isso agradaria a minha querida, por que deixar de fazê-lo? E como nossas crenças e outras coisas eram vistas de forma totalmente diferente, achei que seria mesmo cabível fazer aquele famoso pedido formal, fora que ela já havia me dito que teria que ser assim com a família dela. Respirei fundo, mesmo completamente sem jeito, não teria porque temer qualquer coisa naquele momento e tomei a iniciativa:
- Gostaria de fazer um pedido à vocês.
- Pode falar meu querido - emendou meu futuro sogro.
- Então, eu gostaria de pedir sua filha em namoro.
O pai da florzinha, sempre simpático e muito agradável, fez alguns comentários, aquelas coisas básicas de pai e mãe, aquele medo e preocupação de praxe, sobre cuidarmos bem de sua filha e etc... No final de tudo, ele concordou e aprovou, sua mãe também, nesse instante a florzinha abriu um sorriso para mim e logo em seguida todos tomaram seus devidos rumos. O pai da florzinha saiu para trabalhar e o resto da família foi arrumar a casa, na realidade, ela e suas irmãs foram apenas arrumar o quarto.
Passado algum tempo, a florzinha veio à sala e perguntou se queria assistir um filme, respondi que sim, desde que ela ficasse ali comigo. Ela então passou a procurar os filmes que estavam espelhados pelo rack onde ficava a tv e o dvd. Encontrou diversos títulos e foi me mostrando alguns, até que uma de suas irmãs sugeriu o "Happy Feet", como ainda não havia assistido, aceitei e começamos a vê-lo. Ficamos sentados no sofá, abraçados, assistindo um filme que provavelmente eu não veria nunca, mas na companhia dela tudo parecia muito agradável, até mesmo coisas ruins se tornavam excelentes por fazer ao lado dela.
Em um momento durante a tarde, quando me mostraram onde eu iria dormir, a florzinha comentou que sua mãe havia colocado dois travesseiros porque um era dela e o outro meu. Ela perguntou para sua mãe se era realmente isso e se dormiríamos juntos, sua mãe não viu nenhum problema nisso e ela também não. Na primeira noite em que dormi em Sabaúna, nos deitamos na mesma cama, claro que não dormimos como todo casal, que eu classificaria como normal, apenas nos deitamos na mesma cama, mantive até mesmo uma certa distância, fiquei receoso que ela achasse que eu estivesse faltando com respeito à ela. Ficamos conversando até pegarmos no sono, mesmo com tantas conversas por telefone, ainda tínhamos muito o que conversar e passamos um bom tempo conversando até ela dormir. Quando percebi que ela estava dormindo, me calei e tentei dormir também, foi uma das melhores noites de sono que já tive depois de tanto tempo.
Segunda de manhã, acordei antes de todos, é a falta de costume de dormir fora de casa, fazia um bom tempo que não dormia em outra cama a não ser a minha. Meu corpo sempre estranha, não que esteja ruim, mas é diferente quando não dormimos em nossa própria cama. Acordei e fiquei ali, quieto, vendo a florzinha dormindo, linda, parecia uma princesa dormindo. Só levantei quando não aguentei mais de vontade de ir ao banheiro, fiquei com medo de acordá-la e tentei me levantar com movimentos muito leves para não balançar o colchão e despertá-la de seu sono. Fui até o banheiro e voltei, deitei e ela continuava dormindo, mas depois de um certo tempo olhando para ela, sem pensar em nada, ela despertou. Mas ainda assim levou um certo tempo para levantarmos da cama, ela é como toda mulher, acorda e ainda enrola um bom tempo até levantar de verdade.
Fizemos muitas coisas bacanas durante aquele dia, inclusive fui conhecer o terreno de sua família, onde seu pai estava construindo uma outra casa para onde eles iriam mudar. No retorno para casa ainda encontramos uma amiga da florzinha. Sua mãe e ela ficaram receosas e eu não havia entendido o porque daquilo, mas logo me foi explicado que ainda seria cedo para muitos saberem sobre mim e que provavelmente sua amiga poderia comentar com pessoas as quais seriam um pouco delicado comentar. Mas voltamos para casa e ficamos tranquilos, jantamos, vimos um filme, mas nessa segunda noite não dormimos juntos. Seu pai achou que não seria um bom exemplo para suas irmãs mais novas esse tipo atitude, concordamos e ficamos apenas deitamos por um longo tempo, conversando, trocamos alguns beijos e ela foi dormir em sua cama.
Acabei pegando o costume de acordar cedo, novamente despertei antes de todos e fiquei deitado olhando para o teto, não havia sentido em levantar para não fazer nada e nem ter com quem conversar, então fiquei ali, quieto, deitado, esperando ouvir a voz de alguém ou algum barulho que demonstrasse que alguém havia levantado. Sua mãe foi a primeira a se levantar, levantei em seguida e conversamos um pouco. Na verdade, no dia anterior também fora sua mãe que levantou antes de todos, isso pelo menos me lembrou a minha casa. Foi um dia muito agradável, pelo menos até a hora de me despedir de todos para retornar a meu lar. Como havia ido de ônibus, achei que seria melhor sair de tarde para não chegar muito tarde na rodoviária, já que ainda teria que pegar o metrô e talvez um ônibus se estivesse com mais preguiça de voltar para casa. Acho que saí por volta das 17h, ficamos no ponto de ônibus a florzinha, sua mãe e eu, esperando o ônibus que seguiria para Mogi, de lá ainda pegaria o famoso Pássaro Marrom em direção à São Paulo. Foi muito difícil me despedir da florzinha, mal estava indo embora e já estava sentindo sua falta, essa paixão inexplicável, algo que não sentia há muito mas muito tempo mesmo. Consegui me despedir dela e parti para Mogi, não fiquei muito tempo esperando o outro ônibus, dei sorte de chegar com 30 minutos de antecedência. Voltei toda a viagem acordado, achei que dormiria mas não consegui dormir nem um minuto sequer, fiquei todo o tempo pensando nela, não conseguia esquecer aqueles momentos maravilhosos que passamos juntos em nosso primeiro final de semana.
Próximo episódio - 09 Minha casa.
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Hum, esta parte foi mais ironica hehe. Nao senti seus pulmões aflorarem cheios de paixão como nas outras =P
ResponderExcluirOooou, eu que nao estou inspirada para o amor e reparei só na parte que voce aturou hahaha.
Realmente faltou a paixão nesse capítulo, não sei, não consegui escrever como nas outras. rs rs rs Acho que deixei passar muito tempo e perdi a emoção do capítulo, mas aguarde o próximo! rs rs rs
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