Eu sou o típico filho ingrato, o famoso filho da puta, aliás, deveria ter outro palavrão mais bacana para chamar uma pessoa como eu.Entendo que sou de fato um filho ingrato, mas odeio ser atormentado, odeio que fique me perguntando a mesma coisa diversas vezes sendo que eu já respondi a merda da pergunta porra.
Sei o quanto ela se preocupa em deixar seus filhotes alimentados, mas tipo assim, se respondi que não vou comer agora, não quer dizer que daqui dez minutos irei comer. Não estou morrendo porra, não é o fim do mundo, meu estômago não vai explodir, nem muito menos se desintegrar por não ingerir alimentos. Se de fato respondi que não vou comer naquele momento é porque não estou com fome ou que esperarei Deus descer a terra para comer com ele.
Já passei da hora de sair de casa, vacilei quando tive a oportunidade, fui infeliz de me preocupar em ajudar nas despesas, porque se eu sair não poderei mais ajudar nas despesas. É o básico, primeiro você tem que se bancar para depois poder ajudar os outros.
Mas voltei a pensar, principalmente depois de hoje, que está mesmo na hora de sair, de procurar um canto só meu, está na hora de tocar o foda-se e ter um pouco da privacidade que sempre desejei. Passei praticamente uma vida imaginando como seria bom voltar do trabalho e não ter ninguém pra me encher o saco dentro de casa. Que não tivesse que ficar ouvindo coisas das quais não gostaria de ouvir, de poder ouvir música até as 2h da manhã se assim quisesse. Poder ver um filme num volume considerável, deitado em minha cama, tranquilo, sem me preocupar se vou acordar alguém no quarto do lado. Vamos a caça de um lugar só meu.
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